Diários Noturnos

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31 de outubro de 2016

SOLUÇO DE BOCA DE URNA OU POEMA DA POLITICAGEM

daria para dar certo

mas deu Doria
tivessem os eleitores no eixo
Crivella não batia à direita de Freixo

se eu me chamasse Frida
rimaria bem sofrida
sem solução

se eu me chamasse solução
cairia em soluço de boca de urna
com o título de eleitora na mão

ser ou não ser gauche na vida
já não vale a indagação
rodando ou não o moinho-pião
a Tropicália já faturou seu milhão

de cada ano de eleição
que minha herança não seja o cinismo
sonhos triturados para ruas sem saída dão
nossas impuras manchetes do abismo

se nem mais o tango cura
nem só do mar vem o gosto de sal
resta o resto do amor, minha ternura
guerrilheiros da Revolution, lança e punhal










10 de outubro de 2016

AS ESCÂNDALAS ÍNTIMAS TRALHAS

Porta e janela
Da arquitetura alugada
Abertas sem vergonha
Agora para o céu apontam

Pacífica, exilada da batalha
devolvem a mim o ar,
o tempo para compartilhas
Minhas íntimas tralhas

Outrora ingloriosa, encavernada
Visões de feiuras escuras
Fui respirada na conta
de um calendário sem cura

Os pulmões de meu corpo
na cena fotografada
são pássaros sem medo
de tarja psi fora da caixa

Loucos, livres
Imbecis
Estranhos, insanos
Infantis

Cantam na língua
dos que beijam
Intraduzíveis vidas
com amor de raiz

Respiram pirados
o geográfico espaço
da solitude alargada
com a fita métrica do abraço

Nela ocupam o silêncio
O grito, o espelho quebrado
A flauta da madrugada,
O compositor emperrado


Na solitude eu ocupo
Ocupo sem culpa
Ocupam as escândalas
Íntimas tralhas












9 de outubro de 2016

SER ESCRITORA NO SEXO XXI


Quando clico [Iniciar]
depois em [Microsoft Office Word]
e, por fim, [Abrir nova página]
me sinto {{{Like a Virgin}}}

Tocada e tremendo
como se fosse a primeira vez
Bate o vazio criativo
no Era Uma Vez do intestino

Escrever é fazer amor
com as palavras
na cama da camada
profunda e interna do corpo

Encontro o lugar
onde o rebelde vulcão
esconde as belas lágrimas
Pinto a ponta dos dedos com as lavas!

Escrita Explodida
Deixo os arranhões
no silêncio das estrofes
Clico [Salvar] e saio com vida

Quem (sol) eu:

Minha foto
'O ar está tão carregado de espíritos que não sabemos como lhes escapar.'(Goethe in Fausto)

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