Diários Noturnos

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25 de julho de 2015

De Tim para cada Tom do vestido que eu visto

Visto um curto vestido 
e casaquinho de lã. 
Há coisa mais bipolar e amável

do que esse cenário
que me cobre a nudez?
Hoje li Manoel de Barros
e me senti mais sul-matogrossense
do que nunca.
Bateu um súbito querer
de tirar uma foto do céu.
Todo feito de cores de baunilha
em contraste com um claríssimo azul.
Tenho muitos nomes
da ordem do sensível.
Cada um para cada humor.
Cada humor para cada membro da família.
Cada cidade para cada corpo.
E paixão por coisas inanimadas.
Da palavra até a cor velha do telhado.
Hoje amanheci Luiza de Tom,
entardeci Cássia,
inteiramente na lembrança tatuada
de que São Paulo já foi meu sertão.
Estou anoitecendo réu confesso
(pode me acusar
de Irracional apesar da humanidade)
para sonhar rebeldias
quando a noite mais alta chegar.
Suada de culpa,
despertarei amanhã
em nova manhã.
Vou dizer "bom dia"
britanicamente em tom ateu
e rir tim tim por tim maia
do rosto que darei bem
de cara na boca do espelho.


Casa 165, 25 de Julho de 2015.

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