Diários Noturnos

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17 de dezembro de 2013

A ESCRITA DE MIM

“Estou com a impressão de que ando me imitando um pouco.
O pior plágio é o que se faz de si mesmo.” Clarice Lispector

De um lado,
os pés na lama
da noite.

Do outro,
as dez unhas
agarradas
ao sol de teu sorriso.


Aqui,
o meu nariz afundado
na tua barba macia.


Ali,
as minhas pernas
cobertas com a areia
de um oceano infernal.

Entre uma coisa e outra:
o corpo elástico de mulher
e um fiel coração de pressão.

- Eu te amo pra sempre!
- Fique comigo, baby!
digo a ti quando a visão m'escapa.

De olhos
escandalosamente
abertos,
os pulmões gritam,
como se exibindo
as suas asas
:
- A vida é impossível
e nunca!

A noite não cabe no dia,
assim como o óbvio contrário disso,
o tempo está em tudo,
todavia,
e me preenche de vazio.

Nas ocasiões
em que o coração
é uma gelatina em mãos
de criança perversa,

E o corpo 
um tecido engolido 
pelo vento seco 
da metrópole
que vem da janela,

Sou in-óbvia,
confessional,
confusa no fuso
das horas,
e escrevo o corpo
de um 
diário noturno
co'as letras.


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'O ar está tão carregado de espíritos que não sabemos como lhes escapar.'(Goethe in Fausto)

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